quarta-feira, 25 de março de 2009

Sentir


Não quero perder o sentir, pois se o perder e não o conseguir encontrar conseguirás colocar-me no rumo certo de novo? Serás capaz de me indicar o caminho?

Serás de novo a minha bússola? A estrela por onde me guiarei?

Necessito do teu acordar, anseio pela tua voz nas manhãs que se tornam menos claras para mim, careço do teu cheiro do teu sabor que me leva num turbilhão, numa ansiedade desmedida e que me faz encontrar o rumo certo para uma vida que todos os dias me cega com a sua incerteza.

Por onde ficámos, por onde andámos estes dias que se tornaram meses, nestes meses que se tornaram anos, quando contávamos os segundos para voltarmos a ficar juntos de novo.

Perdemo-nos um do outro quando as luzes se apagaram e nos envolvemos em sonhos que nunca foram os nossos, como o fumo de um cigarro dispersámo-nos pelo ar.

A respiração tornou-se pesada, como se respirasse chumbo em vez de ar, as lágrimas caem-me pela alma incessantemente enquanto os olhos ficam secos, sem expressão, sem vida.

As palavras tornaram-se em cortes de papel que me perseguem os dedos feridos, fazendo com que não consiga exprimir o que sinto, como se me comprimissem o peito, como se necessitasse de uma explosão de sabedoria para dizer necessito sem te trazer dor.

Gostava de te dizer que tudo está no mesmo altar em que te adorei, em que te venerei, que não me afastaste, que o que me fazes sentir continua a acordar-me nas tais manhãs cinzentas tornando-as mais claras e cheias de vida.

Dá-me a tua vida em troca da minha, foi o que pedimos um dia, foi o que sentimos sem pudor, sem receios, sem nos refrearmos por uma moral. A certeza que fez com que nos entregássemos fez também que as nossas almas se cruzassem e se iluminassem numa só, no entanto as dúvidas instaladas fizeram com que corrêssemos fugindo de algo que nem sequer conhecemos, com medo. Por momentos as nossas almas deixaram de se tocar.

Sinto a tua falta…