segunda-feira, 27 de agosto de 2007

domingo, 26 de agosto de 2007

A culpa é do treinador

Esta é uma frase que poderá ser aplicada metaforicamente às nossas vidas.
Procuramos justificar os nossos fracassos com os outros e com o que nos rodeia, a admissão da culpa própria torna-se um pesadelo na altura de o fazer. Esperamos sempre que haja um bode expiatório por perto para arcar com as culpas.
Se alguém é despedido é porque a entidade empregadora nos exigia coisas que não estávamos dispostos a fazer porque não nos competia fazê-lo, ou então porque a empresa onde trabalhávamos ainda não estava preparada para a nossa impetuosidade e virtuosidade.
Já nas nossas vidas pessoais os erros ainda se tornam mais difíceis de assumir, uma má relação com os pais por exemplo é sinónimo de que a liberdade dada por estes é próxima daquela dada aos prisioneiros do Tarrafal, ou então porque a atenção dispendida não foi suficientemente capaz de nos desviar dos os maus caminhos.
Falando nas relações pessoais, falamos também da vida amorosa, os problemas existentes serão sempre culpa de quem está connosco, ou porque nos exige demais, ou porque não corresponde às nossas expectativas ou então porque não tem paciência para os nossos descuidos.
Mas sinceramente, somos perfeitos? Não. Somos os primeiros a admiti-lo. Temos culpa de alguma coisa? Sim. Somos também os primeiros a assumi-lo. Mas então porque raio teima-mos em desviar a atenção de nós próprios quando as coisas correm mal? É que também somos sempre os primeiros a fazê-lo.
É simples dizer que fizemos algo mal quando acompanhado por um “mas” a seguir. “Pois, eu fui despedido porque não fiz o meu trabalho, MAS o meu patrão foi um sacana porque me obrigava a ficar horas extraordinárias, sem me pagar um tosto para que o trabalho que eu não fazia nas horas normais de serviço ficasse concluído.” Ou Então “ Eu roubo para a droga, MAS isso deve-se ao facto dos meus pais não me terem comprado um triciclo pelo natal.” E também “Sim eu até traí a minha mulher/marido, MAS foi só porque ela/ele não me dava valor.”
Deixemo-nos de culpar o treinador e vamos tentar jogar um pouco melhor.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Queen and David Bowie - Under Pressure

Uma das músicas que nos retrata na perfeição.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

O Pimeiro Beijo


Não há nada como o primeiro beijo.
Crava-se na memória como uma queimadura feita por um ferro em brasa na pele. O medo, a ansiedade do momento, o tremor nas pernas e o deixar de sentir o corpo abaixo da cintura devido à dormência que se instala.
O envolvimento que nos une os lábios, a paixão com que se sente a saliva da outra pessoa, um ritual único que provoca uma sensação de embriaguez e de tontura que quase nos leva ao desmaio. O toque de outra pele pela primeira vez com o intuito sensual.
O primeiro beijo é algo único até ser repetido.
Todos os primeiros beijos que se seguem provocam a mesma sensação, é como uma droga que se persegue até à exaustão, o beijar pela primeira vez uma pessoa, que nos atrai fisicamente e emocionalmente é como chocar contra uma parede a 100 Km/h, mas ao invés de nos provocar dor provoca-nos uma sensação de exaltação, de querer mais e mais.
Não é o beijo em si, mas tudo o que lhe antecede, o ritual dos olhares indiscretos, o sentir da respiração de outra pessoa, o seu calor, a suavidade da sua pele. Esse beijo que se torna mais importante e revelador que o sexo em si.
A procura incessante dessa sensação leva-nos por vezes a esquecer o que iniciou tudo isso com a pessoa que verdadeiramente ama-mos.
A paixão desse primeiro beijo que demos e que acaba por se desvanecer com o tempo faz-nos falta, então por vezes pensamos que algo está mal com a relação que temos ou que o amor deixou de existir, mas a realidade é que depois de beijarmos alguém de novo pela primeira vez e de sentirmos que afinal a sensação que procurava-mos desaparece após o acto em si, reparamos que afinal o amor que move as montanhas, esse continua com a pessoa cujos beijos seguintes já não causaram a sensação de embriaguez que tenta-mos impiedosamente repetir.
O ego provoca-nos diz-nos que já não somos capazes de ser amados, e que só através de um novo beijo nos seremos capazes de sentir de novo como homens/mulheres queridos por alguém, e é isso que o primeiro beijo é uma forma de nos alimentar o ego, diz-nos que afinal ainda valemos a pena e que merecemos esse acto de paixão, de sensualidade, de vontade.
O beijo dado por quem nos ama e por quem amamos é por si só o infinito prazer de saber que realmente contamos para alguém, e isso é tudo o que necessitamos.
Os beijos seguintes aos primeiros quando dados por pessoas que realmente se amam são bem mais importantes que o primeiro, pois significam que essa pessoa apenas nos quer beijar a nós e que teremos para sempre a exclusividade dos seus lábios.
Mas como vos disse de início não há nada como o primeiro beijo…

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Já não sou quem era

Já não sou quem era.
A vida dá-nos encontrões, a vida dá-nos empurrões, há que saber distinguir.
Os encontrões derrubam-nos, os empurrões fazem-nos avançar. Há que saber distinguir uns dos outros para saber quando avançar e quando nos levantar.
Ao longo dos meus 32 anos (quase 33) levei encontrões e alguns empurrões que me mudaram, transformaram e me moldaram para o meu tão apreciado feitio(zinho). Por tudo isso já não sou quem era, cresci, adaptei-me a todas as novas funções, como homem, amigo, marido e amante.
O que reparo é que hoje em dia torna-se mais complicado fazer com que os outros se habituem a nós, numa sociedade cujos elementos cada vez mais olham para o seu para os seus umbigos, somos obrigados a uma adaptação constante e isso por vezes impede de sermos quem somos na realidade.
Hoje, mais do que nunca, somos obrigados a dizer que já não somos quem éramos ontem e amanhã já não seremos quem somos hoje.
No nosso trabalho deparamo-nos com situações angustiantes em que a polivalência exigida faz com que nos superemos diariamente e que a nossa capacidade de encaixe perante essas situações se torne cada vez maior, isso faz-nos crescer como profissionais mas também como pessoas. No dia seguinte o profissional ganha mais experiência, e será recompensado não só no trabalho executado mas também no campo pessoal, onde a realização de cumprir uma tarefa mais rigorosa será mais importante do que a frustração do dia anterior em que o obstáculo não foi ultrapassado. Hoje já não somos os profissionais que fomos ontem.
Os nossos amigos cada dia precisam mais de nós e nós deles as angústias, as mágoas, os prazeres e as emoções partilhadas são cada dia mais abrangentes e mais diferenciadas, nós como bons amigos temos de estar actualizados para poder responder a todas as suas necessidades e arranjar coragem para poder denunciar os seus erros e também reconhecer as nossas faltas perante eles. Hoje já não sou o amigo que fui ontem.
O facto de o amor ser cada dia mais ambicioso, exigir mais de nós do que por vezes somos capazes de dar, faz-nos ser outra pessoa, que por incessantes tentativas que façamos para outra pessoa se sinta melhor junto de nós, faz-nos ser mais exigentes com essa pessoa também. As nossas necessidades de hoje serão mais exigentes e consequentes amanhã, até que se dá uma ruptura, não por deixarmos de amar essa pessoa, mas sim por não conseguirmos ser o que nos é exigido e também por não nos revermos mais em nós próprios. A nossa essência acaba por se perder num mar de exigências para com os outros e para connosco. Hoje já não sou o amante que fui ontem.
Enfim já não sou quem era.