domingo, 18 de outubro de 2009

Dançamos?

Ouvimos aquela música vezes sem conta, pretendemos que mais nada se passe à nossa volta, exigimos que o som nos embriague do que sentimos naquele momento.

Receamos de olhos fechados que esta talvez seja a nossa última dança, enquanto nos perdemos nos braços um do outro, não receies, deixa-te levar, deixa-me acreditar que neste 4 minutos que nos restam seremos um só.

Ao som que sentimos os dois, as nossas vidas se cruzarão e a beleza de um bater do coração mais acelerado comandará as nossas vidas e enquanto sentimos os acordes de uma guitarra que nos atravessa a pele e nos toca a alma, tentamos seguir caminhos separados.

Nestes breves minutos que nos sobram quero te pedir que me abraces, que me sintas junto a ti para poder continuar a sonhar, para poder continuar a viver por ti.

Enquanto nos for possível, até que aquele som que nos percorre o corpo finde, quero dançar contigo, movimentar o corpo junto ao teu, sentir o teu peito no meu, o calor das nossas faces juntas, e segredar-te algo ao ouvido.

Quero tentar de novo, quero que estes sejam os 4 minutos mais longos de nossas vidas, que sejam aqueles minutos que consigam a obra de uma vida inteira, para que da próxima vez consigamos fazer tudo de novo, mas mais bem feito, com a perfeição de dois seres que se amam e se perdem em conjunto.

Não estou pronto para o final, não estou pronto para deixar de seguir-te nos passos desta dança que durará apenas uma fracção de nossas vidas mas que terá a importância das marés, que terá a importância da chuva na terra árida que anseia por vida.

Não me lembro da última vez que me senti tão bem, não me lembro da última vez que sobrevoei montanhas como um avião de papel, feito por mãos de uma criança cujos olhos brilharam assim que me viram partir. Não quero perder esta leveza que me foi roubada uma vez e que agora recupero contigo.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Voar

Que a mente se liberte por uns instantes, que a vida seja aquilo que sempre ansiei que fosse.

Que os apêndices de dor que me preenchem a mente se desvaneçam por uns momentos que serão considerados preciosos.

É esta a fantasia com que vivo, de me sentir como uma ave que voa num sentido sem qualquer destino e apenas pelo prazer de planar os céus, pelo prazer de sentir o ar passar por debaixo de seu corpo, imune a pressões que a trazem para baixo e tentam findar com o júbilo de voar.

Que se libertem as correntes de expressão, que se liberte a palavra para que possa dizer simplesmente o que me vai na alma ansiando que o marasmo do silêncio termine.

O sentimento dominante que me faz desejar por algo mais do que simplesmente o olhar que se perde na imensidão do toque que existiu um dia, que acabe de uma vez por todas ou então que me leve a agir com as forças que um dia desejei sentir.

O entorpecimento dos músculos de um corpo que experimenta a idade e de uma mente que se ressente dos atropelos com que a afligi faz com deixe de tentar de sentir a emoção de viver, passando a estar dormente numa vida que há muito procura um novo sentido.

Um dia sonhei cair de uma ponte bem alta, uma altura que me fez perder a noção de queda e passei, por instantes por uma sensação de voo a pique como uma ave de rapina e o que deveria ser um simples pesadelo transformou-se num sonho que jamais esqueci, transformou-se numa imensa fantasia sem que qualquer explicação fosse necessária.

Uma metáfora já batida, a de voar e de querer estar junto a ti durante horas sem limite, para que dessa forma pudesse viver o sonho de te sentir mais uma vez pois és tu que me fazes voar, és tu a fantasia que me foge por entre os dedos, e não sei o que fazer para a manter.