sábado, 3 de maio de 2008

Palavras

Não mudes de assunto, não contornes o que dissemos um ao outro, deixa-te levar pelo cheiro doce das palavras. Não abandones a conversa quando ela começa a queimar.

Deixa-te levar nos braços dos sons que saem dos meus lábios, enquanto eu me envolvo com os teus, sabes que sempre amei os teus. Sabes que sempre amei que me dissesses que me amas, e como o sabes.

Não abandones esta troca de palavras que nos seduzem e nos levam por caminhos por onde ansiávamos há muito conhecer. Em sonhos dissemo-lo, em sonhos não tivemos medo de o sentir. Não te fiques pela vergonha, lamenta apenas o que ficou por dizer e lamenta mais ainda pelos beijos que nunca demos.

Nunca fomos um caso mais, nunca fomos como outros, fomos só nós os dois, enquanto nos levámos pela leveza das palavras, enquanto nos deixámos levar pela leveza que os lábios nos deram às almas.

A ternura de uma excitação, a bênção de um olhar que nos trazia de imediato, um melhor nascer do sol após uma noite em que apenas palavras foram proferidas. Nunca em vão.

Os nossos discursos nunca foram os mesmos, mudávamos sempre que nos ensoberbecíamos de assuntos sem nexo, começando de novo. Desta vez falando apenas de algo que só nós experimentámos, deixando pelo chão os fatos que vestimos durante o dia, envolvendo-nos apenas na pele das palavras, trocando-as pelos nossos corpos.

Se me largares? Caio. Se me deixares? Sigo contigo. Se me ouvires? Sorrio. Se me falares? Respiro. Se me sentires? Vivo.

É tão simples como isso.

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