Na ponta dos dedos tive o teu corpo, percorri quilómetros do teu prazer, da tua fome, da tua angustia. Toquei os teus lábios quentes e senti a tua respiração que me atravessou a pele e que paralisou por instantes os movimentos ofegantes do meu peito.
Na ponta dos meus dedos espetei as agulhas do pensamento para sentir a dor que me fugia de estar longe de ti.
Detive momentos na minha mente, momentos em que o prazer me dominou o corpo, em que abandonei a razão e me perdi em ti quando foste tu a tocar-me como só tu sabes.
Com a ponta dos meus dedos desafiei deus ao tocar-te sem a sua aprovação, sem a bênção de anjos ocupados pelos sons emanados de harpas que nos olhavam com desdém.
Na ponta dos dedos tive o mundo ao sentir o tremor do teu corpo enquanto o tocava, enquanto o profanava como se de um templo sagrado se tratasse.
Toldei a minha mente com o toque, pequei com ela, maculei o que de mais puro havia em mim e não me arrependo, pois tudo o que fez sentido foste tu, tudo o que importava era o sentir-te como senti.
A pele branca que te cobre, os cabelos negros que cobrem o teu pensamento, entorpece o meu corpo, inebria-me a alma, quis tudo o que pensei ter direito, quis tudo o que acabei por perder.
A calmaria de uma noite, traz-me a lucidez que necessito para que, por instantes, consiga aceder a mim mesmo, como se de um segredo bem guardado se tratasse, o meu corpo fundiu-se com o teu, a minha identidade perdeu-se.
Quando te toquei com os meus dedos.
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