segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Ode à Mulher

Ao ser que nos une, ao ser que nos separa.
És tudo aquilo que se pode desejar, como o sol que nos aquece, como a lua que nos ilumina,
Mas o que sei eu? Sei apenas que a tua pele me envolve como lençóis de seda, como se de um abrigo se tratasse.
Os lábios que beijam e me envolvem com o seu sabor discreto mas intenso, de paixão, de amor de poesia, que nos levam para sítios que apenas nós conhecemos.
Os teus seios que alimentam e ao mesmo tempo se despem de preconceitos sem valor, enquanto se mostram no auge da sua beleza.
Peço-te perdão pelo desejo que me fizeste sentir, e em que me perdi. Peço-te perdão pelo que nunca te disse e devia ter dito, pelas vezes em que a pena escreveu e nunca te mencionou e que fez algo parecer mais importante que tu. A intenção nunca foi essa.
Tu és o que me move como uma energia que me eleva e me faz vaguear em universos intensos e cheios de luzes, que me colocam bem lá em cima, sem vontade de descer.
És a essência.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Quebrar Muros

No dia 9 de Novembro de 1989 o muro de Berlim caía. Simbolicamente significou o início do fim da guerra fria que durou cerca de 40 anos.
Armas nucleares, conspirações, confrontos militares, choques culturais, transformaram o mundo durante décadas, no entanto sobrevivemos.
Hoje em dia vivemos outra guerra fria, desta vez com a natureza. Vivemos uma época em que nos vemos obrigados a mudar de comportamentos e hábitos adquiridos, com a finalidade de garantirmos a nossa própria sobrevivência que se encontra ameaçada devido às alterações climáticas derivadas do aquecimento global.
Desta vez há que quebrar muros dentro das nossas próprias casas. Cuidar do ambiente é algo que temos necessariamente de fazer ou iremos sofrer consequências nefastas. O protocolo de Quioto, assinado pela grande maioria dos países, incide na diminuição das emissões de dióxido de carbono para os níveis de 1990, um ano depois do muro de Berlim ter sido derrubado. A coincidência não se fica por aqui, um dos países que não assinou o tratado de Quioto, os Estados Unidos, é também o maior poluidor de todos, dá que pensar, sendo que durante décadas a fio, durante a guerra fria, o país que se auto proclamou o bastião da democracia e da liberdade ocidental é agora um dos principais causadores do problema ambiental que vivemos.
A moral dos Estados Unidos, somos todos nós que lhes oferecemos de mão beijada diariamente quando contribuímos para o crescimento da sua economia e somos cúmplices das suas politicas economicistas e globalizantes, não me entendam mal, não sou um anti-americano, mas sim, um pró mundo e neste momento o mundo atravessa uma guerra contra as alterações climáticas e quem o polui deve ser penalizado por isso.
Já agora, Portugal aumentou em 41% as emissões de carbono entre 1990 e 2004.
Vai um Mac Cheese?

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Regresso ao Passado

Sabendo de antemão que os aumentos previstos para a função pública não vão para além dos 2.1%, ou mesmo 2.5 com sorte, a esperança de melhores tempos esfume-se num nevoeiro de incertezas e de vontade de emigrar para um outro país que utilize os impostos de uma forma coerente e consistente com as suas necessidades.
Já sei que sempre haverá os que lêem isto e que pensam, “lá vem mais um funcionário público a queixar-se de barriga cheia”, mas a esses lembro-os de que os salários nas instituições privadas são nivelados pelos aumentos que o governo impinge à função pública por isso há que ter consciência que nós não somos os únicos a ser prejudicados nesta história toda.
Para além do parágrafo anterior também gostava de salientar que há centenas de pequenas e médias empresas que subsistem dos negócios que têm com o estado, e que dependem muitas das vezes da eficiência e poder de encaixe dos funcionários públicos para a resolução de problemas, muitas das vezes criados por desconhecimento da lei ou simplesmente por negligência dos seus gestores ou empresários.
Quero com isto dizer, que tendo a consciência de que para uma minoria de funcionários do estado que pura e simplesmente não cumprem, há uma grande maioria que para além dos salários baixos e dos impostos, sem hipótese de fuga, a que somos obrigados a pagar e que em muito sustentam os cofres públicos, estão dispostos a dar o tudo por tudo para honrar o salário pago pelos contribuintes.
Para além dos aumentos miseráveis impostos pelo nosso governo, deparamo-nos com uma novidade que já não se via há uns bons 33 anitos. De repente verificamos que a sede de um sindicato foi visitada por agentes policiais.
Bem caros concidadãos, eu sei que o papel dos sindicatos vem perdendo preponderância devido à ineficácia das formas de luta propostas e às extravagantes exigências de aumentos salariais, mas acho que qualquer manifestação proposta por essas instituições desde que dentro da lei, tem o direito constitucional de se realizar sem a pressão policial sobre a forma de que se vai actuar. A isto se chama CENSURA
Talvez sejam por estes actos, que tem vindo a lume certas notícias sobre rusgas a casa de cabeças rapadas fascistas, sim fascistas porque há que chamar as coisas pelos nomes, pessoas que defendem o antigo regime e celebram o aniversário de um certo ditador alemão que ouvido com umas rotações a mais parece o rato Mickey a falar, são fascistas. Voltando ao assunto, talvez passando a mensagem de que andamos a caçar pessoas saudosas do antigo regime não conotem este 1º ministro, devido às políticas repressivas, com o presidente do conselho de ministros, (o tal que malhou da cadeira) que se manteve no poder durante 40 anos, sim 40 anos porque independentemente do rapazito só ter assumido o cargo de presidente do conselho de ministros de 1932 a 1968 já ele mandava nisto em 1928 quando assumiu a pasta do ministério das finanças.
Já agora o 25 de Abril não pode ser confundido com o 25 de Dezembro, a liberdade de expressão foi algo conquistado e não uma prenda de natal.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Grande Novidade.

Hoje fiquei estupefacto com a notícia publicada no meu querido “Correio Matinal” e em todas as cadeias televisivas do país, em que se afirmava taxativamente que cada vez mais as famílias portuguesas abrem falência.
Mas agora pergunto eu, onde é que raio esta gente tem vivido nos últimos 33 anos???
Será que é assim tão difícil verificar que nós, vulgarmente conhecidos como “Tugas,” entrámos em falência colectiva?
Eu percebo que há 34 anos atrás fosse mais complicado obter esse tipo de informações devido a um lápis azul que insistentemente limitava o acesso à informação e que ironicamente dava um tom mais rosado (tipo as camisolas do meu Benfica), a todo este país.
Então agora vamos lá com calma e tentemos concluir algo de racional no meio de tudo isto…
Já todos nós sabemos que pagamos 21% de IVA, quando os gajos que se cospem a falar pagam 16%, também sabemos que na média dos países europeus os nossos salários só se consideram aceitáveis quando comparados com uma Estónia ou Ucrânia, sabemos inclusivamente que o preço da nossa gasolina só é ultrapassado pela Holanda e pelo Reino Unido (fonte: http://dn.sapo.pt/2007/02/02/economia/gasolina_vendida_pais_e_hoje_a_terce.html ). Vejamos bem, juntando isto aos juros que os senhores lá em Bruxelas, sentados nas suas poltronas papais, decidem aumentar conforme os seus almoços bem regados correm, será assim uma grande novidade estarmos todos Falidos? Falidos e Fo#%dos.
Sinceramente do que é que estamos à espera???
Novidade, novidade era num hipermercado qualquer…

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Vamos Legalizar

Como sabem, os nossos legisladores voltaram a fazer das suas.
Então agora não é que agora inventaram esta tal nova legislação, que permite aos indivíduos que até já foram julgados e considerados culpados, que agora se encontram em fase de recurso das suas sentenças sejam colocados em liberdade enquanto aguardam novo julgamento?
Pois é caros amigos com esta treta toda, segundo li hoje no nosso criterioso jornal “Correio Matinal,” (leio porque não o pago no café lá do sítio), já foram libertos cerca de 115 reclusos dos nossos estabelecimentos prisionais desde que a legislação foi colocada em vigor.
Pois é, esses pobres homens, incompreendidos pela sociedade como são, voltaram agora a esta, prontos para se tornarem ainda mais incompreendidos. Coitados dos rapazes, afinal os violadores, os traficantes, os gajos que esfaqueiam outros gajos de vez em quando também têm o direito a ir ler o jornal à borla.
Chamo-vos a atenção a este caso dos pobres rapazes, é que na prisão, segundo sei, é complicado arranjar um “Correio Matinal” que já não esteja manchado de sangue ou com outro tipo de fluidos ocasionados pela leitura da rubrica cor-de-rosa, onde de vez em quando se vêm umas fotos da “Tia de Cascais” com um decote mais atrevido.
Reflectindo bem, só isto me vem à cabeça eu acho que o próprio governo já chegou à conclusão que isto cá fora está pior que lá dentro e manda-os cá para fora para eles sentirem bem os castigos que todos nós sofremos na pele, como os juros elevadíssimos das casas, os 94 milhões de €urecos pagos em impostos diariamente, ou como o preço estupidamente elevado do petróleo.
Rapazes oiçam o que vos digo, não venham cá para fora, isto está pior do que aí dentro. Deixem-vos ficar, ok pronto, os gajos que fornecem a erva ao pessoal que saiam, é que a esses tudo lhes passa ao lado e sempre são capazes de dar alguma alegria ao pessoal.
Legalize it !!!

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Sem Palavras



Aqui há uns dias, no Domingo, para ser mais exacto fui assistir à procissão da minha terra, a Moita.
Deparei-me com expressões de júbilo, de orgulho e até de fanfarronice, como que se de um momento para o outro por se carregar um andor ou participar numa procissão pudesse expiar os pecados cometidos durante o ano inteiro.
Reparei também em algo que não acontece todos os anos os andores que habitualmente nos anos anteriores vinham carregados de notas oferecidas pelos crentes, desta vez vinham vazios, sem as infames notas de €uro a conspurcá-los.
Os que me conhecem sabem que não tenho uma religião por opção, optei por entregar o meu destino única e exclusivamente às minhas acções, de acordo com a lei do livre arbítrio, tão proclamada por todas elas (religiões). Então, pensam vocês, “o que o leva a escrever sobre determinado assunto”? Simples, quer queiramos ou não, a religião faz parte da nossa cultura, é através dela que a nossa moral é construída, as nossas leis basilares foram criadas e que os nossos costumes, como a procissão, são cumpridos.
Assim deparando-me com a tal situação da falta de dinheiro dos andores, comecei a pensar no que poderia ter acontecido para um costume ser quebrado. Ocorrem-me dois pensamentos, ou as pessoas não tinham o que colocar lá, devido à grave crise que atravessamos, ou o meu caro amigo padre João optou, (e muito bem), não deixar que lá colocassem as tais notas num acto de profunda compaixão sobre quem optou involuntariamente por um voto de pobreza devido a esta maldita crise que dura desde que o D. Afonso Henriques andou à estalada com a mãe.
Com isto tudo o que eu quero dizer é que o que mais me impressionou e a que eu este ano estive particularmente atento foram as expressões, não daquelas que mencionei atrás, mas as que demonstravam Fé, como que a tentar encontrar significado por todas as suas provações e com uma enorme esperança de que as coisas vão mudar, gente honesta, com bons íntimos e que me comoveram pela primeira vez numa procissão religiosa.
Um abraço Padre Johny.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Juízos de Valor

Tenho pensado muito neste caso da Maddie, ou Madeleine Mccan.
Reparei que sempre que temos uma oportunidade fazemos juízos de valor independentemente do nosso alvo, seja a polícia judiciária, os laboratórios ingleses ou os pais da miúda.
Ainda há uns dias os pais da Maddie sempre que apareciam eram aclamados como heróis, encorajados a prosseguirem com uma interminável busca pela sua filha. Passados uns dias são violentamente apupados quando uma simples palavra, “Arguido” os passa a adjectivar.
O que não deixa de ser impressionante, neste caso, é que a grande maioria daquelas pessoas que os apupavam ou aplaudiam, nunca se cruzou com aquele casal na rua ou sabe o que eles estão a passar na sua intimidade.
Neste caso apenas o tempo nos poderá dar uma resposta, isto no que diz respeito àquilo que aconteceu àquela criança, claro. Relativamente à resposta que tento encontrar nesta publicação já será um pouco mais difícil, que é a razão porque somos tão rápidos a estabelecer juízos de valor, mesmo quando não conhecemos nada sobre as pessoas envolvidas ou sobre as suas razões.
Se por vezes um mal entendido faz-nos tomar posições drásticas relativamente a pessoas de quem gostamos, mais facilmente o fazemos por pessoas que não nos dizem nada.
Há primeiro que apurar os factos e depois fazer uma avaliação séria do que se passou. Se possível sem os tais juízos de valor.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Perdi-me contigo

Sem querer perdi-me. Não sei como começou, sei apenas que me perdi.
Num dia qualquer apareceste-me, e eu senti-te, desde esse momento não mais te larguei. O que parecia fugaz, de repente tornou-se em algo mais do que uma simples dúvida ou um simples capricho.
Um simples toque, um simples olhar, uma simples conversa, tornaram-se o meu mundo, os sentimentos que trocámos, os suspiros que demos as vontades que tivemos.
A beleza tocou-me e eu completamente embriagado por essa sensação cometi loucuras e vivi momentos que não mais hei-de esquecer.
Não te quero perder, quero perder-me contigo. Faz com que o tempo pare, faz com que o mundo não gire, ficaremos presos num momento em que os nossos olhares se cruzam e a nossa cumplicidade acontece naturalmente sem que seja preciso chamá-la.
Não cortes o teu cabelo, deixa-o crescer para me poder cobrir com ele e adormecer de noite, envolve-me com o teu sorriso, e deixa-me beber das tuas lágrimas.
Tentarei ser o que desejas, mas se não o conseguir, aceita-me como sou, esse é o derradeiro sacrifício de quem ama e quer ser amado.
As promessas que fazemos um ao outro, serão nulas e vãs se um dia nos deixar-mos de nos perder um no outro, por isso te peço:
Perde-te comigo como eu me perdi contigo.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Luzes que me apagam

Hoje vi uma fila de luzes. Eram luzes de todas as cores, vermelhas, amarelas, verdes, e outras que apenas se limitavam a brilhar no escuro.
Sem caminho certo avancei sobre elas. Reparei que à medida que o fazia inconscientemente o meu próprio brilho desvanecia e se confundia com aquelas luzes que mais não faziam que iluminar um caminho que me parecia certo, mas que ao mesmo tempo me consumia.
Senti-me como que a deslizar numa corrente que ia a meu favor, quando reparei que não era a corrente que seguia comigo, mas sim eu que seguia a corrente.
Não quero ser consumido por luzes brilhantes, quero ter o meu próprio brilho. Não quero seguir a corrente, quero desbastar o mato da minha vida, por mim sem a falácia da multidão.
Quero ter uma orgia de pensamentos a correrem-me as veias e que cada segundo conte pela sua importância estrondosa que devia ter, mas que não tem.
Que tudo o resto que importa hoje seja o que não importa amanhã, que os objectivos se clarifiquem de uma vez por todas, e que a minha importância não se resuma à minha ignorância, quero ser reconhecido pelo que sou cá dentro e não pelo que deito para fora.
Se um dia a vida me pregará outra rasteira? Se as luzes continuarão a apagar-me e a corrente a arrastar-me? Dir-vos-ei noutro dia qualquer.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

domingo, 26 de agosto de 2007

A culpa é do treinador

Esta é uma frase que poderá ser aplicada metaforicamente às nossas vidas.
Procuramos justificar os nossos fracassos com os outros e com o que nos rodeia, a admissão da culpa própria torna-se um pesadelo na altura de o fazer. Esperamos sempre que haja um bode expiatório por perto para arcar com as culpas.
Se alguém é despedido é porque a entidade empregadora nos exigia coisas que não estávamos dispostos a fazer porque não nos competia fazê-lo, ou então porque a empresa onde trabalhávamos ainda não estava preparada para a nossa impetuosidade e virtuosidade.
Já nas nossas vidas pessoais os erros ainda se tornam mais difíceis de assumir, uma má relação com os pais por exemplo é sinónimo de que a liberdade dada por estes é próxima daquela dada aos prisioneiros do Tarrafal, ou então porque a atenção dispendida não foi suficientemente capaz de nos desviar dos os maus caminhos.
Falando nas relações pessoais, falamos também da vida amorosa, os problemas existentes serão sempre culpa de quem está connosco, ou porque nos exige demais, ou porque não corresponde às nossas expectativas ou então porque não tem paciência para os nossos descuidos.
Mas sinceramente, somos perfeitos? Não. Somos os primeiros a admiti-lo. Temos culpa de alguma coisa? Sim. Somos também os primeiros a assumi-lo. Mas então porque raio teima-mos em desviar a atenção de nós próprios quando as coisas correm mal? É que também somos sempre os primeiros a fazê-lo.
É simples dizer que fizemos algo mal quando acompanhado por um “mas” a seguir. “Pois, eu fui despedido porque não fiz o meu trabalho, MAS o meu patrão foi um sacana porque me obrigava a ficar horas extraordinárias, sem me pagar um tosto para que o trabalho que eu não fazia nas horas normais de serviço ficasse concluído.” Ou Então “ Eu roubo para a droga, MAS isso deve-se ao facto dos meus pais não me terem comprado um triciclo pelo natal.” E também “Sim eu até traí a minha mulher/marido, MAS foi só porque ela/ele não me dava valor.”
Deixemo-nos de culpar o treinador e vamos tentar jogar um pouco melhor.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Queen and David Bowie - Under Pressure

Uma das músicas que nos retrata na perfeição.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

O Pimeiro Beijo


Não há nada como o primeiro beijo.
Crava-se na memória como uma queimadura feita por um ferro em brasa na pele. O medo, a ansiedade do momento, o tremor nas pernas e o deixar de sentir o corpo abaixo da cintura devido à dormência que se instala.
O envolvimento que nos une os lábios, a paixão com que se sente a saliva da outra pessoa, um ritual único que provoca uma sensação de embriaguez e de tontura que quase nos leva ao desmaio. O toque de outra pele pela primeira vez com o intuito sensual.
O primeiro beijo é algo único até ser repetido.
Todos os primeiros beijos que se seguem provocam a mesma sensação, é como uma droga que se persegue até à exaustão, o beijar pela primeira vez uma pessoa, que nos atrai fisicamente e emocionalmente é como chocar contra uma parede a 100 Km/h, mas ao invés de nos provocar dor provoca-nos uma sensação de exaltação, de querer mais e mais.
Não é o beijo em si, mas tudo o que lhe antecede, o ritual dos olhares indiscretos, o sentir da respiração de outra pessoa, o seu calor, a suavidade da sua pele. Esse beijo que se torna mais importante e revelador que o sexo em si.
A procura incessante dessa sensação leva-nos por vezes a esquecer o que iniciou tudo isso com a pessoa que verdadeiramente ama-mos.
A paixão desse primeiro beijo que demos e que acaba por se desvanecer com o tempo faz-nos falta, então por vezes pensamos que algo está mal com a relação que temos ou que o amor deixou de existir, mas a realidade é que depois de beijarmos alguém de novo pela primeira vez e de sentirmos que afinal a sensação que procurava-mos desaparece após o acto em si, reparamos que afinal o amor que move as montanhas, esse continua com a pessoa cujos beijos seguintes já não causaram a sensação de embriaguez que tenta-mos impiedosamente repetir.
O ego provoca-nos diz-nos que já não somos capazes de ser amados, e que só através de um novo beijo nos seremos capazes de sentir de novo como homens/mulheres queridos por alguém, e é isso que o primeiro beijo é uma forma de nos alimentar o ego, diz-nos que afinal ainda valemos a pena e que merecemos esse acto de paixão, de sensualidade, de vontade.
O beijo dado por quem nos ama e por quem amamos é por si só o infinito prazer de saber que realmente contamos para alguém, e isso é tudo o que necessitamos.
Os beijos seguintes aos primeiros quando dados por pessoas que realmente se amam são bem mais importantes que o primeiro, pois significam que essa pessoa apenas nos quer beijar a nós e que teremos para sempre a exclusividade dos seus lábios.
Mas como vos disse de início não há nada como o primeiro beijo…

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Já não sou quem era

Já não sou quem era.
A vida dá-nos encontrões, a vida dá-nos empurrões, há que saber distinguir.
Os encontrões derrubam-nos, os empurrões fazem-nos avançar. Há que saber distinguir uns dos outros para saber quando avançar e quando nos levantar.
Ao longo dos meus 32 anos (quase 33) levei encontrões e alguns empurrões que me mudaram, transformaram e me moldaram para o meu tão apreciado feitio(zinho). Por tudo isso já não sou quem era, cresci, adaptei-me a todas as novas funções, como homem, amigo, marido e amante.
O que reparo é que hoje em dia torna-se mais complicado fazer com que os outros se habituem a nós, numa sociedade cujos elementos cada vez mais olham para o seu para os seus umbigos, somos obrigados a uma adaptação constante e isso por vezes impede de sermos quem somos na realidade.
Hoje, mais do que nunca, somos obrigados a dizer que já não somos quem éramos ontem e amanhã já não seremos quem somos hoje.
No nosso trabalho deparamo-nos com situações angustiantes em que a polivalência exigida faz com que nos superemos diariamente e que a nossa capacidade de encaixe perante essas situações se torne cada vez maior, isso faz-nos crescer como profissionais mas também como pessoas. No dia seguinte o profissional ganha mais experiência, e será recompensado não só no trabalho executado mas também no campo pessoal, onde a realização de cumprir uma tarefa mais rigorosa será mais importante do que a frustração do dia anterior em que o obstáculo não foi ultrapassado. Hoje já não somos os profissionais que fomos ontem.
Os nossos amigos cada dia precisam mais de nós e nós deles as angústias, as mágoas, os prazeres e as emoções partilhadas são cada dia mais abrangentes e mais diferenciadas, nós como bons amigos temos de estar actualizados para poder responder a todas as suas necessidades e arranjar coragem para poder denunciar os seus erros e também reconhecer as nossas faltas perante eles. Hoje já não sou o amigo que fui ontem.
O facto de o amor ser cada dia mais ambicioso, exigir mais de nós do que por vezes somos capazes de dar, faz-nos ser outra pessoa, que por incessantes tentativas que façamos para outra pessoa se sinta melhor junto de nós, faz-nos ser mais exigentes com essa pessoa também. As nossas necessidades de hoje serão mais exigentes e consequentes amanhã, até que se dá uma ruptura, não por deixarmos de amar essa pessoa, mas sim por não conseguirmos ser o que nos é exigido e também por não nos revermos mais em nós próprios. A nossa essência acaba por se perder num mar de exigências para com os outros e para connosco. Hoje já não sou o amante que fui ontem.
Enfim já não sou quem era.